Fibras Alimentares

Este artigo é uma adaptação e esta publicado no Arquivo brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, citação no final do artigo.

As fibras alimentares vem sendo estuda nos últimos anos e tem apresentado importante papel na alimentação das famílias.

 O consumo adequado de fibras na dieta usual parece reduzir o risco de desenvolvimento de algumas doenças crônicas como: doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial, diabetes melito (DM) e algumas desordens gastrointestinais. Sem falar que o aumento na ingestão de fibras melhora os níveis de gordura no sangue, reduz os níveis de pressão arterial, melhora o controle da glicemia em pacientes com diabetes melito (DM), auxilia na redução do peso corporal e ainda atua na melhora do sistema imunológico.

A fibra alimentar, também denominada fibra dietética, é resistente à ação das enzimas digestivas Dessa forma, as fibras são classificadas como fibras solúveis, viscosas ou facilmente fermentáveis ou como fibras insolúveis como o farelo de trigo que tem ação no aumento de volume do bolo fecal, mas com limitada fermentação. Os efeitos positivos da fibra alimentar estão relacionados, em parte, ao fato de que uma parcela da fermentação de seus componentes ocorre no intestino grosso, o que produz impacto sobre a velocidade do trânsito intestinal, sobre o pH do cólon e sobre a produção de subprodutos com importante função fisiológica.

As recomendações atuais de ingestão de fibra alimentar na dieta variam de acordo com a idade, o sexo e o consumo energético, sendo a recomendação adequada em torno de 14 g de fibra para cada 1.000 kcal ingeridas.

As diversas frações da fibra alimentar agrupam-se de acordo com seus componentes e características determinando o tipo de fibra. Esses componentes são encontrados principalmente em alimentos de origem vegetal, como cereais, leguminosas, hortaliças e tubérculos.

As fibras solúveis dissolvem-se em água, formando géis viscosos. Não são digeridas no intestino delgado e são facilmente fermentadas pela microflora do intestino grosso. Entretanto, as fibras insolúveis não são solúveis em água, portanto não formam géis, e sua fermentação é limitada. A maioria dos alimentos que contêm fibras é constituída de um terço de fibras solúveis e dois terços de insolúveis

As características físico-químicas das fibras promovem efeitos locais e sistêmicos no organismo humano. As diferenças quanto à capacidade de retenção de água, viscosidade, fermentação, adsorção, entre outras, são responsáveis por implicações metabólicas (efeitos sistêmicos), bem como no trato gastrointestinal (efeitos locais).

Denominam-se prebióticos os componentes alimentares não digeríveis pelas enzimas humanas que estimulam seletivamente o crescimento e/ou atividade de uma ou de um número limitado de bactérias no cólon. Por favorecerem a multiplicação de bactérias que beneficiam a saúde.

O maior consumo de fibras na dieta foi associado com menores prevalências de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica.  Os fatores de risco ligados a doença cardiovascular, como hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidemia, são também menos frequentes em indivíduos com maior consumo de fibras.

Resultados de estudos epidemiológicos mostraram que o consumo de grãos integrais está associado com menor risco para desenvolvimento de DAC

Estudos observacionais sugerem uma relação inversa entre a ingestão de fibras e níveis de pressão arterial. Alguns ensaios clínicos randomizados identificaram uma redução nos níveis de pressão arterial decorrente da ingestão de fibras na dieta.

Dietary Approaches to Stop Hypertension (conhecida como dieta DASH), que, entre outros alimentos, prioriza o consumo de frutas e vegetais, alimentos ricos em fibras, mostrou-se associada a uma redução dos níveis de pressão arterial em indivíduos com DM tipo 2, quando comparados a pacientes com DM tipo 2 sem esse tipo de dieta.

Na década de 1970, Heaton  propôs a ação das fibras como um obstáculo fisiológico ao consumo energético por três possíveis mecanismos: (1) as fibras ocupam o lugar das calorias e nutrientes da dieta; (2) aumentam a mastigação, o que limita a ingestão por meio da promoção e secreção de saliva e suco gástrico, resultando na expansão do estômago e do aumento da saciedade; e (3) as fibras reduzem a eficiência da absorção de outros alimentos no intestino delgado. Ainda, os alimentos ricos em fibras têm uma densidade energética menor em comparação aos alimentos ricos em gorduras. Dessa forma, alimentos ricos em fibras poderiam estrategicamente substituir a energia (calorias) dos demais alimentos não ingeridos.

A relação entre o tipo de fibra ingerida e apetite subjetivo, indicam que a ingestão energética aguda e em longo prazo com o peso corporal foi avaliada concluindo que as fibras caracterizadas como mais viscosas reduziram mais o apetite e a ingestão energética quando comparadas às fibras com menor viscosidade.

De forma geral, os estudos relacionados às fibras abordam a utilização de fibras solúveis como aveia, psyllium, pectina, goma-guar, sugerindo que esse tipo de fibra reduz os níveis séricos de colesterol total e LDL colesterol.

A redução de risco de câncer provavelmente está envolvida com o consumo de frutas e hortaliças, ricos em fibra alimentar.

O aumento no consumo de fibra alimentar é comumente utilizado na prevenção e no tratamento da constipação. O farelo de trigo, os cereais integrais e suplementos de fibras são amplamente utilizados pelos consumidores, o que sinaliza um conhecimento comum dos efeitos benéficos das fibras.

Terapias de primeira linha para a constipação geralmente incluem um aumento na ingestão de fibras e líquidos. A aveia é a única fibra viscosa que resiste à total fermentação através do trânsito intestinal, o que lhe confere efeito laxativo, pois as demais fibras viscosas são extensivamente fermentadas.

Uma inadequada ingestão de fibra alimentar foi associada à constipação, um problema clínico comum na adolescência.

O consumo de fibra solúvel parece reduzir a resposta glicêmica pós-prandial após as refeições ricas em carboidratos. Esse efeito é provavelmente explicado pela viscosidade e/ou propriedade geleificante das fibras solúveis, que desse modo retarda o esvaziamento gástrico e a absorção de macronutrientes a partir do intestino delgado. Entretanto, estudos prospectivos revelaram não ser a fibra solúvel a responsável, mas principalmente o consumo de fibra insolúvel de cereais e grãos integrais que está consistentemente associado ao risco reduzido de Diabetes Melito tipo 2.

Artigo retidado de: Bernaud, Fernanda Sarmento Rolla, & Rodrigues, Ticiana C .. (2013). Fibra alimentar: ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia , 57 (6), 397-405. https://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302013000600001

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