O Brasil vem apresentando um grande crescimento no número de academias com um público que busca a melhora da aptidão física ( em inglês, physical fitness ), dando destaque  para questões estéticas, aprimoramento do bem-estar ( em inglês, wellness ) e melhora da qualidade de vida.

É comum neste tipo de publico uma preocupação maior com o corpo o que faz levar a uma busca por dietas em que na maioria das vezes não há nenhuma comprovação científica, sem falar no consumo de suplementos sem orientação nutricional.

A atividade física na antiga Grécia era considerada uma prática de entretenimento, só no final do século XIX é que se iniciou pesquisas sobre os benefícios dos exercícios físicos no tratamento de doenças crônicas, desde então mais estudos ampliaram o conhecimento sobre os benefícios desta prática.

Vale ressaltar que o exercício físico é uma subcategoria da atividade física caracterizada por ser programada, repetitiva e estruturada, com o objetivo da manutenção e a melhora de componentes da aptidão física.

No cenário atual, avanços tecnológicos e a falta de tempo livre para atividades de lazer contribuíram para redução das atividades físicas espontâneas, como subir escadas, rampas, caminhar, contribuindo assim para o aumento de indivíduos sedentários, consequentemente um aumento de indivíduos obesos e com doenças crônicas associadas.

Uma publicação feita em 2008 pelo Journal of the American Medical Association, recomenda a realização de 150 a 300 minutos de atividades físicas moderado-intensas ou 75 a 150 minutos de atividades aeróbicas em intensidade vigoroso-intensa por semana, associadas a atividades de treinamento de força de duas ou mais vezes por semana.

Atualmente para muitos, praticar atividades físicas significa frequentar academias, que nos anos 80 eram voltadas para praticas de halterofilismo / fisiculturismo, dessa forma tinham como objetivo melhorar o fitness, esses mesmos frequentadores hoje buscam também melhorar o seu bem-estar, o wellness, que é sustentado por três pilares, atividade física regular, alimentação orientada e qualidade de vida.

Dessa forma o nutricionista tem um papel essencial no âmbito do esporte, fitness e wellness, pois configura um moderador e facilitador dos objetivos comumente estabelecidos pelos praticantes de atividade física.

O desportista é o indivíduo fisicamente ativo que busca sem fins competitivos uma boa saúde, lazer e recreação, já o atleta é o indivíduo que se submete a treinamentos físicos regulares e sistematizados, buscando a melhoria de seu desempenho físico-esportivo para participação de competições.

Muitas das vezes o desportista, conhecido como atleta amador ou de academia, almeja receber as mesmas orientações nutricionais e alcançar os mesmo objetivos que um atleta e são nessas situações que o nutricionista precisa identificar suas reais necessidades e ajustar de forma individualizada os valores de calorias, macronutrientes, hidratação e suplementação quanto ao exercício físico praticado, não deixando esquecer que as informações referentes as atividades físicas são de extrema relevância para definir as recomendações e prescrições nutricionais.

A seguir o nutricionista necessita verificar o estado nutricional, realizando uma anamnese nutricional completa, seguida de antropometria, que visa obter as medidas de tamanho e proporções do corpo, a realização de exames bioquímicos ou laboratoriais para avaliação nutricional, com o objetivo de avaliar deficiência nutricional, alterações metabólicas e riscos de desenvolvimento de doenças e de mortalidade, além do exame clínico nutricional externo.

Dessa forma podemos agora pensar no fornecimento energético e seus principais sistemas, sabendo que na prática da atividade física o músculo esquelético em contração necessita constantemente de rápido fornecimento energético para executar com sucesso suas atividades.

ATP-CP ( Adenosina trifosfato – creatinofosfato ) – Imediato fornecimento energético que ocorre predominantemente em atividades de alta intensidade e ultrarrápidas.

Glicose anaeróbica – Rápida promoção energética que envolve a glicose como substrato energético e produção de lactato.

Oxidativo anaeróbico – Sistema de fornecimento lento eficiente para produção de energia que envolve a utilização de glicose, proteína e lipídeos.

Alimentação adequada não deve acontecer somente nos dias de treino ou em períodos de competição, pois não há compensação para os períodos de má alimentação, os objetivos nutricionais para melhorar o fitness, o wellness e o desempenho físico são:

• Fornecimento necessário de energia para o treino
• Ajuste de peso e da composição corporal
• Reposição de substratos após as sessões de treino

No que diz respeito à necessidade energética ela é calculada pela diferença entre o consumo alimentar (calorias ingeridas) e o gasto de calorias, incluindo algumas variáveis.

• Taxa metabólica basal
• Efeito do término do alimento
• Atividade física espontânea e
• Exercício físico

Alguns nutrientes importantes

Macronutrientes – Tem uma relação alta de ingestão, pois contemplam os carboidratos, proteínas e gorduras. Não só a ingestão é importante como a contribuição de cada um deles para o treino e a dieta.

Carboidratos – Fornecem energia de forma eficiente pra o sistema nervoso central e também para o sistema muscular, mas seu estoque é limitado e pode ser manipulado através de sua ingestão diária.

Consumo de alimentos antes da atividade física tem como objetivo maximizar os estoques e o aporte de glicogênio hepático e muscular antes do inicio da atividade.

Durante a atividade física, a depender das características do exercício, do ambiente, da preparação do desportista e da tolerância de ingestão de carboidratos.

Depois da atividade física é importante a reposição de glicogênio, entretanto o glicogênio hepático.

O músculo é o principal depósito de proteína e se encontra em constante equilíbrio, alternando entre anabolismo e catabolismo, conhecido como turnover proteico, que nada mais é do que a relação entre a taxa de síntese e de degradação das proteínas.

Os micronutrientes (vitaminas e minerais), assim denominados em razão da baixa necessidade diária, não são produzidos endogenamente, por essa razão é necessário à ingestão adequada.

A hidratação, ou melhor, estado natural de hidratação chamado de eu-hidratação, hiper-hidratação sendo o aumento do volume de líquido no corpo e a hipo-hidratação, sendo a diminuição.

E por último, mas não menos importante a suplementação que é muito comum entre atletas e praticantes de atividades físicas, produtos estes com uma enorme disponibilidade no mercado, que tem a promessa da melhora no desempenho físico, porém poucos são aqueles que apresentam evidencias científicas que apoiam sua eficácia e segurança.

Todos estes elementos necessitam ser avaliados e alinhados com as necessidades e objetivos sob a orientação Nutricional e acompanhamento de um profissional de Educação Física, para que os excessos e possíveis erros sejam evitados.

Referência:

SOLIS, Marina Yazi. Nutrição esportiva: Do Fitness ao Wellnes. Pronutri, ciclo 8, volume 2, pag 9-57. ed Artmed, 2019.